Suicídio entre idosos

Segundo o Ministério da Saúde, divulgados em 2018, mostram para a alta taxa de suicídio entre idosos com mais de 70 anos. Minayo e Cavalcante (2010) ressaltam que mundialmente em números absolutos, os suicídios matam mais que homicídios e guerras juntos. Foram registrada nessa faixa etária a taxa média de 8,9 mortes por 100 mil nos últimos seis anos. A taxa média nacional é 5,5 por 100 mil.

Estatística (IBGE) apontam que a população brasileira com 60 anos de idade ou mais cresceu 18,8% entre 2012 a 2017. E essa mudança no perfil epidemiológico do envelhecimento no Brasil está gerando demandas que necessitam de respostas das políticas sociais e implicam em ações de enfrentamento dos problemas sociais e de saúde que afetam essa população.

Servio e Calvacante, 2013 relata que essa configuração social torna o suicídio um fenômeno psicossocial constituído como um processo que perpassa o decorrer da vida do indivíduo de acordo. Para Santo ( 2017), o suicídio aparece como problema de saúde pública mundial, que atinge pessoas de diferentes idades, ocorrendo quando não se encontra formas de lidar com o sofrimento psíquico, entendendo a morte como única alternativa viável.

Estudos mostram que nesta ciclo da vida a pessoa acumula perdas naturais da idade, entre elas, do cônjuge, do vínculo com o trabalho e de amigos. Muitas vezes o desejo de antecipar o fim está associado também à perda de saúde, de autonomia e de papéis sociais.  

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Prevenção e Posvenção do Suicídio nas Relações Afetivas e Familiares.

Pesquisa  apontam que,  os atos suicidas trazem consigo cargas significativas sobre as pessoas mais próximas do suicida, que tendem á desenvolver problemas de saúde físicos e mentais com perda de concentração e sono, além de isolamento social, que podem culminar em ato suicida sucessivamente (Sérvio & Cavalcante, 2013). O sentimento de perda é traumático e pode nunca passar totalmente. As pessoas podem conseguir se adaptar com a falta, mas isso não é a solução, ou seja, a perda do indivíduo que morreu nunca será superada.

Para esses autores (Batista & Santos, 2014) a posvenção com ações voltadas para as pessoas que serão afetadas pelo suicídio de alguém, as quais recebem apoio e acompanhamento, principalmente aquelas que demonstram estar em risco, ou seja, que possam tentar autodestruição após o ocorrido são eficazes.

Manter o idoso ativo socialmente em projetos coletivos e sociais, colabora com o bem-estar e qualidade de vida ao mesmo  (Carvalho et al. 2017) . Assim como os vínculos familiares e sociais de amizades, são fatores contribuintes contra depressão e ideação suicida para idosos, devendo ser tratados e priorizados como elementos prioritários. As áreas de saúde e social têm um papel fundamental no apoio e na proteção das pessoas idosas, principalmente, para que se sintam úteis, ativas e socialmente integradas.

 

Atuação do Psicólogo

Almeida (2013) diz que a Terapia Ocupacional entende o sujeito dentro de um contexto biopsicossocial e procura por meio de ações, dar um sentido a sua vida, tem por objetivo favorecer a reabilitação psicossocial e auxiliar em aspectos sociais, culturais e emocionais. Assim, os terapeutas ocupacionais contribui para que os indivíduos se engajem, e transformem as atividades que sejam significativas para sua vida. A atividade pode ser entendida como estímulo, mediadora da relação terapêutica ou forma de comunicação e expressão dos conteúdos internos dos pacientes. A perspectiva de realização de atividades no dia a dia do indivíduo é o que possibilita o alcance e a continuidade de uma melhor qualidade de vida.

Villares (1998) relata alguns benefícios ou possibilidades terapêuticas dos grupos: a importância de um espaço onde podem ser criados relacionamentos sociais; a reconstrução da possibilidade de laços afetivos, papéis sociais; a redução do isolamento e o teste de novas maneiras de contato interpessoal; a ampliação do repertório de dinâmicas expressivas, sociais, culturais, por das atividades grupais; e a reconstrução de narrativas que ressignifiquem a própria história.

Entende-se  o ser humano como um ser dialógico, relacional que se constróis a partir das relações que tem com outros seres humanos. É um ser único, sua subjetividade e composta dos milhões de relações que estabelece durante toda vida, e jamais perde sua singularidade ( Dussel 1977).

Para Neri (2005,) a psicologia do envelhecimento destaca as mudanças nas atividades cognitivas, sociais e afetivos, assim como as alterações em motivações, atitudes, valores e interesses, que são característicos vida adulta e dos anos da velhice. A mesma indica algumas possibilidades de atuação para os psicólogos do envelhecimento em diferentes contextos, tais como orientações e acompanhamento a indivíduos e a instituições; na criação de programas de promoção de qualidade de vida e de mudanças de comportamentos; em atividades de reabilitação cognitiva e apoio psicológico aos idosos; atividades informativas; e também na prestação de serviços psicológicos a instituições prestadoras de serviços sociais. Caracteriza as principais atuações dos psicólogos especializados em serviços a idosos: avaliação e intervenção psicológica; psicoterapias individuais e grupais; tratamento de déficits e de distúrbios cognitivos e psicomotores; aconselhamento orientação a familiares de idosos; auxilio a instituições públicas e privadas que amparam e cuidam de idosos e suas famílias; organização e execução de programas de promoção em saúde na comunidade e em promoção social para idosos; apoio psicológico a profissionais que cuidam de idosos; e participação em equipes multiprofissionais.

Para Brink (1983), o meio psicoterapêutico pode estimular sua autonomia e promover ao idoso a possibilidade de cuidar de si próprio e dos outros.

 

Segundo Magesky, Modesto e Torres (2009) é trabalho da Psicologia estimular, problematizar, refletir sobre os aspectos relacionados aos idosos institucionalizados. Tem a função de auxiliar em reflexões coletivas, para que estes possam assumir novos papéis diante da cruel realidade da velhice. E promover a reconfiguração de subjetividades que estimulem um posicionamento analítico diante das situações cotidianas.

 

Referências

ALMEIDA, C, M. A articulação de saúde da Terapia Ocupacional na Atenção Primária. Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, 2013.

BRINK, T. L. Psicoterapia Geriátrica. Rio de Janeiro: Imago. 1983.

Copyright (c) 2019 Erick Daniel Gomes de Melo Santos, Gabriela Oliveira Lira Rodrigues, Lhays Melos dos Santos, Mateus Egilson da Silva Alves, Ludgleydson Fernandes de Araújo, José Victor De Oliveira Santos.

DUSSEL, Enrique. Para uma ética da libertação Latino-Americana. Vol. II: Eticidade e Moralidade. São Paulo: Loyola-Unimep, 1977.

MAGES KY, A. M.; MODESTO, J. L.; TORRES, L. C. A. Intervenção

Psicossocial com um grupo de idosos institucionalizados. Revista saúde e Pesquisa, vol. 2, n° 2, p. 217-224, 2009. Disponível em http://www.cesumar.br/pesquisa/periodicos/index.php/saudpesq/article/viewArticle/1073. Acesso em 07 marco 2021.

Santos, E. D. G. M., Lira, G. O. L., Santos, L. M., Alves, M. E. S., Araújo, L. F., & Santos, J. V. O. (2019). Suicídio entre idosos no Brasil: uma revisão de literatura dos últimos 10 anos. Psicología, Conocimiento y Sociedad, 9(1), 258-282. doi:

Sérvio, S. M. T., & Cavalcante, A. C. S. (2013). Retratos de autópsias Psicossociais sobre suicídio de idosos em Teresina. Psicologia: Ciência e Profissão, 33 (spe), 164-175. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414- 98932013000500016&lng=en&tlng=pt

 

 

NERI, Anita Liberalesso. Palavras chaves em gerontologia. Campinas: Alínea,

2001.

VILLARES, C.C. Terapia Ocupacional na esquizofrenia. Em: I. Shirakawa, AC Chaves & J.J. Mari (Eds.). O Desafio da Esquizofrenia. São Paulo, Lemos Editorial, 1998, p. 183-196